O Papa não estava tão errado...

José vai sair hoje à noite. Dia de festa, badalação. Ele tem direito, afinal, trabalhou a semana toda para isso! Ele pega o endereço da mulher da internet anotado no papel, as chaves do carro, a carteira... e o preservativo, claro!

José é um homem consciente. Mas será mesmo???

É só chegarem as épocas de festejos, que o governo lança campanhas e massacra com propagandas sobre prevenção. Mas qual o objetivo dessas campanhas? São eficientes?

Muitos condenam essas campanhas governamentais como fazendo apologia aos excessos. Principalmente ao sexo e à bebida. Não sem motivo, uma vez que os índices escalam as tabelas quando se trata dessas “atividades”. As campanhas não são de conscientização, e sim de prevenção. Um sociólogo, um psicólogo ou qualquer outra autoridade em assuntos comportamentais humanos, saberia definir a distinção com maestria. O povo não entende realmente o porquê da campanha, qual sua finalidade em termos de conscientização. Só é sabido que distribuem camisinhas gratuitamente em postos públicos. A produção e a distribuição estão em escala de milhões.

A posição oficial do Vaticano sobre a camisinha é de alta reprovação. O argumento do Papa Bento XVI é que o sexo deve acontecer somente em uma condição: casamento – relação monogâmica estável e com vínculos afetivos consistentes. Nessa condição, o preservativo seria “totalmente dispensável”.

É claro que a realidade das DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) nos conta outra história. Não existem, no mundo, formas de imunização de 100% que não envolvam uma câmara isobárica ou uma grande bolha de plástico hermeticamente fechada... AINDA assim, a proposta dita “cafona” de buscar o amor de sua vida, ironicamente, sempre foi e ainda é a solução mais inteligente e eficaz.

Em países africanos com altíssimos índices HIV positivo, implementar a “política da distribuição gratuita de preservativos” somente agravou o quadro.

“Mas eu não tenho um(a) parceiro(a) para um relacionamento sério” ou “meu namorado/marido/ficante/cafetão/amizade-colorida não gosta de usar camisinha” ou ainda “essa é a vantagem de ser solteiro(a) cara!” – Todos esses argumentos, e outros na mesma linha, somente demonstram a necessidade de estabelecer regras individuais básicas para que cada um seja capaz de se proteger física e emocionalmente. A abstinência ou celibato, como promove a igreja, certamente que não são a opção de muitos. Em caso de instabilidade conjugal, logicamente o uso de todos os tipos de métodos contraceptivos são mais do que recomendados. Mesmo o mais leve oscilar de humor, pode repercutir no nível de acidez das regiões genitais; isso também pode causar pequenas irritações e até inflamação. Por isso usar preservativo é mesmo importante, ainda que dentro de um relacionamento estável (e lógico, a fim de evitar uma gravidez indesejada). Entretanto, não é válido lançar mão da camisinha para colocar em cheque todos os valores morais/éticos, pertinentes à sexualidade e, principalmente, o campo emocional. As DSTs não escolhem classe social, idade, sexo, etnia, origem ou religião. É vital que a pessoa entenda porque tem de se proteger e com o que está lidando. Desde a pré-história, o conhecimento sempre foi a maior ferramenta para o homem escapar de destinos trágicos.

Por outro lado, quando se fala em métodos preventivos, sempre será interessante termos atenção redobrada contra a alienação. Se todos dessem ouvidos aquele Ginecologista que apareceu na TV afirmando taxativamente “todos devem usar camisinha em todas as suas relações” a espécie humana estaria condenada (eu espero que nunca ouçam...). É preciso, como tudo na vida, discernir com ponderação e eloquência: quem se encaixa no grupo de risco de contágio de DSTs? Todos. Certo; mas e os que apresentam maior chance, devido ao modo de vida? Ok, QUALQUER um que mude de parceiro num intervalo de seis meses ou menos. Esse texto não tem pretensões de entrar no mérito religioso das proibições e pecados. Cada um decide o melhor para si. Considerando, entretanto, que você esteja realmente buscando manter-se sadio e viver sem preocupações, a receita sempre deverá ser evitar exposição a fatores de risco. Conheceu um alguém especial? Muito bem, segure a empolgação. Conheça melhor a pessoa, converse, divirta-se, namore bastante! Deixe a relação de lado o quanto puder. Não deu certo? Pena. Mas ao menos você está saudável e pronto(a) para outra!

Sim, não tem como acertar sempre. Mas prevenir é melhor do que remediar e a melhor prevenção se faz com informação. Busque tudo que seja relativo ao tema, entenda o que deve ser feito. Divida com amigos, irmãos, pais, filhos... todo mundo! Sexo com amor é ótimo, mas não sexo com doenças que podem levar a infecções, feridas terríveis, deformidades, humilhação, amputações, aleijamentos, insanidade e morte.

Seja consciente E prevenido. Respeite a sua vida e, de preferência, a dos outros também. Sexo é vida, desde que não implique em doenças fatais.
Não concorde com esse texto, nem com o Papa, nem com o médico da televisão. Questione e sempre procure suas próprias respostas. Pesquise. Converse. Troque ideias e informações. Somente assim nós iremos realmente absorver o conhecimento a fim de aplicarmos em nossa vida, na prática. 

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Abraços a todos!