entrevista com Izabel Regina Rodrigues Vitusso
Para ler a entrevista completa acesse o link (...)
Qual a sua formação acadêmica e atividade profissional?
Tenho formação em comunicação social, em jornalismo, área em que sempre trabalhei. Em Uberlândia, fui docente na Faculdade de Jornalismo, no Centro Universitário do Triângulo, e trabalhei com comunicação corporativa, em grande empresa no ramo atacadista distribuidor. Lá também publiquei meus dois livros, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e da Aliança Municipal Espírita. Atos de Amor (Minas Editora) e Terra Fértil, Semente Lançada – a História do Espiritismo em Uberlândia (AME).
Em São Paulo, estamos há onze anos. Aqui fui trabalhar em editora de livros e revistas científicas, até assumir a responsabilidade pela Editora Espírita Correio Fraterno.
(...)
Como tem enxergado a trajetória da Doutrina Espírita e do Movimento Espírita no Brasil?
O movimento espírita já passou por diversos períodos, desde a sua legitimização, com diversos pioneiros sendo chamados para defender o direito de acreditarem numa nova crença que não fosse a dominante. Só para lembrar, na década de quarenta, se consolida o trabalho de assistência social, com a fundação de importantes instituições pelo Brasil. Nesse período também as obras espíritas se multiplicam, principalmente porque se inicia a bela parceria espiritualidade-Chico Xavier, que vão contar com o empenho dos trabalhadores espíritas para sua divulgação. Ao se difundir a doutrina, a mensagem imperativa era a de que na base do espiritismo estavam as obras da codificação, que era preciso realmente estudá-las e que tudo o que, pela lógica, dela fugisse, não seria espiritismo.
Vivemos agora o período de interiorização e reflexão, sobre tudo o que temos apreendido com a doutrina, trabalho interior, sem o qual não terá sentido todo esse nosso esforço. Espiritismo é meio e muitos de nós acabamos, pelo apego, por nossas dificuldades que ainda são tantas, fazendo dele um mero fim. Vivemos tempos de intensas mudanças, e as maiores delas no campo bem pessoal.
A literatura espírita está num bom caminho?
O mercado editorial espírita é um assunto bastante debatido hoje. A liberdade assegurada pela descentralização do poder representativo do espiritismo entrega a cada um o direito de seu livre exercício de entendimento. Em decorrência desta liberdade a nós assegurada vivemos hoje o grande desafio em relação às inúmeras publicações que imputam ideias à doutrina espírita que ela não tem. Sem contar a grande quantidade de obras que se intitulam espíritas e que na verdade não o são.
Esse assunto no movimento espírita é bastante delicado, pois que acabam existindo sentimentos não falados no que diz respeito a inúmeras publicações. E nem sei se houvesse um espaço para esse diálogo, se este seria amistoso como aprendemos com a doutrina.
Será que está faltando Kardec?
Se a codificação é a fonte primeira, é dela que temos que partir para nossas análises, mas isso não significa que não devemos nos aprofundar em nossas reflexões, ampliar o nosso entendimento, cotejar ideias, enxergar que a ciência espírita não é algo isolado, mas integrado a todas as áreas do conhecimento humano. Muitos espíritas, sem perceber, acabam se fechando. Por exemplo, só vão ao cinema para assistirem a filmes espíritas, não leem outras publicações que não sejam as da doutrina, perdendo a oportunidade de contextualizarem o conteúdo espírita das obras da codificação com as outras áreas do conhecimento, não correspondendo à proposta de liberdade, tão valorizada no espiritismo. Quem já leu o livro Viagem Espírita em 1862 teve a possibilidade de ver Allan Kardec como um homem liberto, dinâmico, estimulando na sociedade da época a integração de seus saberes. Fé raciocinada é isso!
Pela sua experiência jornalística, como antevê os dias futuros em termos de divulgação?
A meu ver, as mudanças são sempre bem-vindas, fruto do aprimoramento do conhecimento humano. Agora, a nós, cabe avaliar e nos posicionarmos para nos adequar e acompanhar, naquilo que condiz com os nossos objetivos.
Mudar é um exercício para o nosso autoaprimoramento. Nem sempre fácil. A comunicação social espírita é um tema bastante instigante e suscita uma série de debates. Como, por exemplo, a adequação e nosso discurso para os diversos públicos que se interessam pelo espiritismo, e que não se restringe mais à casa espírita. A utilização dos recursos da mídia cinematográfica para a difusão de fundamentos espíritas para público não espírita tem sido um belo exemplo. Porque hoje o mais desafiador não é o acesso à comunicação, facilitada pelos e-mails, redes sociais, sites, blog, aulas virtuais. Pelo contrário, em tempos de comunicação fácil, dobra a nossa responsabilidade sobre o que estamos falando e de que forma o fazemos; com coerência, com ausência de contradições, com encadeamento das ideias, dado que qualquer conteúdo gerado e publicado hoje pode ser acessado por milhões de pessoas em poucos segundos. É inegável o aumento do interesse pela doutrina, como inegável é também o grande interesse que ela desperta por seus aspectos fenomênicos. Espiritismo é muito mais. Tem toda sua filosofia a ser difundida. Poucos compreendem as causas e se prendem ainda aos efeitos. É papel nosso, dos comunicadores, ajudar nesta grande tarefa.
Algo mais que queira acrescentar?
Herminio Miranda cita uma frase em seu último livro O que é Fenômeno Anímico: “Escrevo para saber o que estou pensando”. Agradeço então por essa boa oportunidade de fazer uma retrospecção, lembrar de passagens tão gostosas, e ver que ainda há tanto por se fazer! Espero que essa ‘conversa’ sirva para motivar também os leitores.
O movimento espírita já passou por diversos períodos, desde a sua legitimização, com diversos pioneiros sendo chamados para defender o direito de acreditarem numa nova crença que não fosse a dominante. Só para lembrar, na década de quarenta, se consolida o trabalho de assistência social, com a fundação de importantes instituições pelo Brasil. Nesse período também as obras espíritas se multiplicam, principalmente porque se inicia a bela parceria espiritualidade-Chico Xavier, que vão contar com o empenho dos trabalhadores espíritas para sua divulgação. Ao se difundir a doutrina, a mensagem imperativa era a de que na base do espiritismo estavam as obras da codificação, que era preciso realmente estudá-las e que tudo o que, pela lógica, dela fugisse, não seria espiritismo.
Vivemos agora o período de interiorização e reflexão, sobre tudo o que temos apreendido com a doutrina, trabalho interior, sem o qual não terá sentido todo esse nosso esforço. Espiritismo é meio e muitos de nós acabamos, pelo apego, por nossas dificuldades que ainda são tantas, fazendo dele um mero fim. Vivemos tempos de intensas mudanças, e as maiores delas no campo bem pessoal.
A literatura espírita está num bom caminho?
O mercado editorial espírita é um assunto bastante debatido hoje. A liberdade assegurada pela descentralização do poder representativo do espiritismo entrega a cada um o direito de seu livre exercício de entendimento. Em decorrência desta liberdade a nós assegurada vivemos hoje o grande desafio em relação às inúmeras publicações que imputam ideias à doutrina espírita que ela não tem. Sem contar a grande quantidade de obras que se intitulam espíritas e que na verdade não o são.
Esse assunto no movimento espírita é bastante delicado, pois que acabam existindo sentimentos não falados no que diz respeito a inúmeras publicações. E nem sei se houvesse um espaço para esse diálogo, se este seria amistoso como aprendemos com a doutrina.
Será que está faltando Kardec?
Se a codificação é a fonte primeira, é dela que temos que partir para nossas análises, mas isso não significa que não devemos nos aprofundar em nossas reflexões, ampliar o nosso entendimento, cotejar ideias, enxergar que a ciência espírita não é algo isolado, mas integrado a todas as áreas do conhecimento humano. Muitos espíritas, sem perceber, acabam se fechando. Por exemplo, só vão ao cinema para assistirem a filmes espíritas, não leem outras publicações que não sejam as da doutrina, perdendo a oportunidade de contextualizarem o conteúdo espírita das obras da codificação com as outras áreas do conhecimento, não correspondendo à proposta de liberdade, tão valorizada no espiritismo. Quem já leu o livro Viagem Espírita em 1862 teve a possibilidade de ver Allan Kardec como um homem liberto, dinâmico, estimulando na sociedade da época a integração de seus saberes. Fé raciocinada é isso!
Pela sua experiência jornalística, como antevê os dias futuros em termos de divulgação?
A meu ver, as mudanças são sempre bem-vindas, fruto do aprimoramento do conhecimento humano. Agora, a nós, cabe avaliar e nos posicionarmos para nos adequar e acompanhar, naquilo que condiz com os nossos objetivos.
Mudar é um exercício para o nosso autoaprimoramento. Nem sempre fácil. A comunicação social espírita é um tema bastante instigante e suscita uma série de debates. Como, por exemplo, a adequação e nosso discurso para os diversos públicos que se interessam pelo espiritismo, e que não se restringe mais à casa espírita. A utilização dos recursos da mídia cinematográfica para a difusão de fundamentos espíritas para público não espírita tem sido um belo exemplo. Porque hoje o mais desafiador não é o acesso à comunicação, facilitada pelos e-mails, redes sociais, sites, blog, aulas virtuais. Pelo contrário, em tempos de comunicação fácil, dobra a nossa responsabilidade sobre o que estamos falando e de que forma o fazemos; com coerência, com ausência de contradições, com encadeamento das ideias, dado que qualquer conteúdo gerado e publicado hoje pode ser acessado por milhões de pessoas em poucos segundos. É inegável o aumento do interesse pela doutrina, como inegável é também o grande interesse que ela desperta por seus aspectos fenomênicos. Espiritismo é muito mais. Tem toda sua filosofia a ser difundida. Poucos compreendem as causas e se prendem ainda aos efeitos. É papel nosso, dos comunicadores, ajudar nesta grande tarefa.
Algo mais que queira acrescentar?
Herminio Miranda cita uma frase em seu último livro O que é Fenômeno Anímico: “Escrevo para saber o que estou pensando”. Agradeço então por essa boa oportunidade de fazer uma retrospecção, lembrar de passagens tão gostosas, e ver que ainda há tanto por se fazer! Espero que essa ‘conversa’ sirva para motivar também os leitores.
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