Aylton Paiva – paiva.aylton@terra.com.br
Passava diante de um bar, na avenida Atlântica, em uma cidade praiana, quando, na porta, um jovem segurava uma garrafa de cerveja e dizia em alto tom de voz, no ritmo dos cantores das escolas de samba do Rio de Janeiro, para o grupo de outros jovens, que ao seu lado estavam:
- Oi gente! Olha aí a cervejinha! Isso é o que vale na vida!
E outro companheiro respondia, também em alta voz, na melodia de uma das músicas consagradas por Roberto Carlos:
- E que tudo o mais vá para o inferno!
Claro que aquilo pode ter sido um episódio de momento de euforia, porém pode ser, também, a filosofia de vida de muitas pessoas que só pensam em viver o aqui e o agora, com os prazeres dos sentidos: paladar, tato, olfato e sexo.
A alegria, inegavelmente, se constitui em meta de vida para todos, contudo é necessário saber a qualidade dessa alegria.
Há alegrias que são momentâneas e produzem, logo adiante, sofrimento mais ou menos intenso.
É essa a alegria proporcionada pelas bebidas alcoólicas que afetam o funcionamento normal do órgão maravilhoso, o cérebro humano.
Além desse comprometimento da parte física, afeta, outrossim, o comportamento.
Conforme a dose de álcool no corpo, a pessoa diminuí os seus reflexos.
Quantos acidentes, ferimentos e mortes causadas por motoristas que ingeriram bebidas alcoólicas.
Aqueles que se tornam dependentes do álcool alteram o seu comportamento na vida comum: no trabalho, na família, que, muitas vezes, é destruída em virtude dessa anomalia, pois podem tornar-se agressivos; perdem o senso de responsabilidade no emprego e no convívio social.
Pude acompanhar vários casos muito dolorosos e ver a que “fundo do poço” pode chegar o alcoolista. Relatarei um.
O do médico, em pequena cidade do interior do Estado de São Paulo.
Médico brilhante e competente quando chegou na cidade, começou a frequentar roda de amigos, que ao fim da tarde iam bebericar em um barzinho.
Ele, embora não soubesse, tinha a doença da dependência ao álcool.
O aumento das doses foi a sequência do aparente inofensivo encontro para o “happy hour” com os amigos.
Evidente que os efeitos foram se fazendo em seu organismo e deteriorando a sua vida familiar e profissional.
Após várias tentativas que fizera, sem sucesso, para deixar o álcool, e pela mudança em seu comportamento com a esposa e filhos, esta decidiu pelo fim do casamento, retornando, com os filhos, para a cidade onde residiam seus pais.
Ele foi discretamente dispensado do trabalho no hospital e à medida que as pessoas tomavam conhecimento do seu estado físico e mental perdia a clientela em seu consultório.
Na última vez que o vi, atravessei a bela praça, de árvores frondosas e pássaros chilreando, ele estava sentado em uma mesinha, logo à porta do bar.
Levantou-se, com grande esforço, o corpo tremia, face macerada, olhar que nada fixava, balançava de um lado para o outro e saiu arrastando os pés pela calçada.
Passados poucos dias, numa rodinha de amigos, tomando café, um deles deu a noticia:
O doutor fulano morreu ontem, parece que de cirrose hepática e outras complicações.
“Ao sucesso!” Diz a propaganda, com belas moças seminuas e moços sarados, com cervejas e copos na mão. Hipocritamente, após mostrar os belos corpos femininos e masculinos (com atores que, na maioria, não bebem), é dita a frase em volume bem mais baixo: “beba com moderação”. Quem tem a doença do alcoolismo, e muitos a têm, não consegue beber com moderação!
É a terrível força do capital buscando, a qualquer preço, o lucro.
Segundo o Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, na Questão nº 923, a felicidade tem que ser material, mas, também, espiritual para ser duradoura.
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Pensemos nisso!
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