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"Lembra-te deles, os quase loucos de sofrimento, e trabalha para que a Doutrina Espírita lhes estenda socorro oportuno. Para isso, estudemos Allan Kardec, ao clarão da mensagem de Jesus Cristo, e, seja no exemplo ou na atitude, na ação ou na palavra, recordemos que o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação".

Trecho retirado do livro Estude e Viva – FEB 9ª edição, cap. 40. Chico Xavier/Waldo Vieira. Pelos espíritos Emmanuel/André Luiz.

Campanha Segunda Sem Carne

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Notícia polêmica no Facebook: Estudante de medicina é morto durante trote na USP em 1999

Por Tati Quaglio e Alexandro Chazan

Recentemente acontece uma difusão e discussão na rede social Facebook com relação à morte de um estudante de medicina que ocorreu na USP no ano de 1999 durante o famoso "trote", muitas vezes violento, realizado pelos veteranos com os "calouros" sob a alegação de "recepção".

A abordagem do trote nas faculdades já um assunto polêmico por si só e geralmente excede os limites de respeito aos direitos humanos e a cidadania. Por vezes, anualmente, em inúmeras faculdades espalhadas pelo mundo todo o trote é praticado por estudantes veteranos em detrimento e humilhação dos estudantes "calouros" (como são chamados) ou ingressantes.

 No Facebook trata-se claramente de uma corrente movida por vingança. E nem é pessoal, as pessoas só querem saber de ver alguma "punição". Tal como nas épocas antigas em que o povo assistia as execuções de sentenças de morte em praça pública.

A publicação na rede social tem como título "Infeliz lembrança", leva a imagem da capa da Revista Época de Abril de 1999 e tem como texto o nome completo de cada um dos estudantes, acusados pela morte do estudante Edison Tsung Chi Hsueh, informando suas atuais profissões exercidas, o local onde trabalham, e ainda com uma ligeira sugestão "tomem cuidado com estes profissionais".

De fato esta é mesmo uma lembrança bastante infeliz, em todos os pontos: para as pessoas que participaram dos trotes do dia do acontecimento; para as pessoas que não participaram, mas estudavam na universidade; para os familiares do rapaz que desencarnou; para seus amigos; para os telespectadores que aguentaram a mídia massificando o fato durante horas, dias, semanas e meses a fio, a custo de escândalo e fins comerciais; para as pessoas que algum dia sonharam em estudar na USP e de alguma forma ficaram aterrorizadas com a possibilidade depois da notícia; e infeliz lembrança principalmente para as pessoas que incentivam a difamação dos estudantes no Facebook.

A postagem na rede com aproximadamente uma semana desde a publicação já alcançou cerca 8.368 compartilhamentos, isso significa que mais de 8.000 pessoas divulgaram a notícia em seus perfis pessoais dentro da rede; uma única publicação atingiu cerca de 3.538 pessoas que declararam curtir a mesma e tem mais de 140 comentários, e os números aumentam a cada minuto. Os comentários vão desde declarações de lamentações, indignações, revoltas e ofensas destinadas aos acusados até demonstração de compaixão pelos mesmos. As demonstrações de compaixão são inclusive interessantes, pois expressam opinião com relação à massificação da mídia e chega a questionar aos demais sobre a veracidade das acusações e a busca individual pela informação; o que geralmente não acontece nesse tipo de notícia e neste tipo de ambiente de divulgação, onde as pessoas são contaminadas pela histeria coletiva.

Quem acredita na Justiça Divina sabe que nada acontece em vão, nem será. Nas palavras de nosso irmão mais velho, Jesus, "O escândalo tem de vir, mas ai daquele que o provocá-lo". Então, não sigamos a "Lei de Talião" do 'olho por olho e dente por dente', pois essa nossa época negra de sede de sangue já passou (ou assim acreditamos e gostaríamos que fosse).

O estudante desencarnou, é fato que completou 12 anos, este é o destino de todos os espíritos encarnados. E para quem professa a reencarnação, sabe que essa é uma "pontada muscular" mínima durante nossa eterna caminhada ao infinito.

Quanto aos "acusados" do homicídio, suas consciências não devem ter melhorado depois desses anos todos e, mesmo que não sejam culpados, cedo ou tarde se lembrarão disso, assim como foram forçados a lembrar durante bastante tempo enquanto eram estudantes do curso na USP. Segundo matéria publicada pela Revista Época de Abril de 1999 em todo lugar em que os estudantes de medicina da USP iam eram questionados e lembrados de que participaram do trote naquele dia em que Edison Tsung Chi Hsueh morreu afogado na piscina Atlética da universidade.
 
E, além do mais, porque será que estão livres hoje em dia? Será que, assim como a lei humana, a providência divina também teria faltado com a justiça? Foi levantada sequer a hipótese de que podem, através da medicina, estar tentando se redimir de seu erro? Alguém que comete um erro precisa pagar imediatamente e com a mesma moeda? Será que nenhum desses médicos já não salvou alguma outra vida nesse tempo todo? Pensemos nisso e, com outra citação do nosso querido mestre: "Aquele dentre vós que não possuir pecado, que atire a 1ª pedra".

Quem não cometeu nenhum erro em nenhuma de suas existências? Ou mesmo apenas nesta? Magoou, ofendeu, prejudicou, machucou, feriu alguém? Deixou de ajudar sabendo que poderia? E após ter cometido o erro não desejou perdão? Desejou nunca ter pensado em cometer o que fez? Envergonhou-se, puniu-se, culpou-se? Com os estudantes da USP seria diferente?

Vamos então ao Livro dos Espíritos, Livro Terceiro, Capítulo XI: Lei da Justiça, amor e Caridade:

Questão 875: Como se pode definir a justiça?
— A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um.

Questão 875. a) O que determina esses direitos?
— São determinados por duas coisas: a lei humana e a lei natural. Tendo o homem feito leis apropriadas aos seus costumes e ao seu caráter, essas leis estabeleceram direitos que podem variar com o progresso. Vede se as vossas leis de hoje, sem serem perfeitas, consagram os mesmos direitos que as da Idade Média. Esses direitos superados, que vos parecem monstruosos, pareciam justos e naturais naquela época. O direito dos homens, portanto, nem sempre é conforme à justiça. Só regula algumas relações sociais, enquanto na vida privada há uma infinidade de atos que são de competência exclusiva do tribunal da consciência.

Questão 886: Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?
Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.
O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: "Amai-vos uns aos outros como irmãos". A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores. Ela nos prescreve a indulgência, porque da indulgência precisamos nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer. Apresente-se uma pessoa rica e todas as atenções e deferências lhe são dispensadas. Se for pobre, toda gente como que entende que não precisa preocupar-se com ela. No entanto, quanto mais lastimosa seja a sua posição, tanto maior cuidado devemos pôr em lhe não aumentarmos o infortúnio pela humilhação, o homem verdadeiramente bom procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que lhe é inferior, diminuindo a distância que os separa.

Ora, então as pessoas acusadas responsáveis pelo desencarne de Edison não estão sujeitas às leis divinas? Não têm elas o direito de perdão, de arrependimento, e de reparação?

Questão 887: Jesus também disse: Amai mesmo os vossos inimigos. Ora, o amor aos inimigos não será contrário às nossas tendências naturais e a inimizade não provirá de uma falta de simpatia entre os Espíritos?
Certo ninguém pode votar aos seus inimigos um amor terno e apaixonado. Não foi isso o que Jesus entendeu de dizer. Amar os inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o mal com o bem. O que assim procede se torna superior aos seus inimigos, ao passo que abaixo deles se coloca, se procura tomar vingança.

Para que então tornar maior o sofrimento dessas pessoas expondo-as em rede pública mais do que já foram na mídia durante e após o acontecimento? Estamos sendo caridosos desta forma?

E poderíamos aqui seguir com maiores delongas citando inúmeras outras questões e outros trechos da Doutrina dos Espíritos que educam e trazem reflexões a respeito. Mas achamos o bastante para este momento.

Nota: em todas as citações fazemos a indagação na 3ª pessoa do plural por um motivo específico: quando um ato se torna coletivo, seja por todos ou por um grupo, este ato torna-se da sociedade e nós todos como parte da sociedade somos responsáveis e ao mesmo tempo os receptores das atitudes individuais que se tornam coletivas. Desta forma a intenção é indagar a reflexão interior sobre nossas próprias escolhas. Colocar-nos no lugar do outro é uma forma eficiente de refletir sobre o que fazemos e o que queremos fazer.

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A rede social Facebook tem sido utilizada, além de divulgação pessoal, como veículo de informação e disseminação de fatos e notícias, nisso podem ter os objetivos dos mais nobres... Porém isso não nos isenta da responsabilidade de fazermos o que é certo, ético e responsável. Muitas declarações nesta publicação demonstram a intenção de fazer o povo observar e tentar superar essa "memória de passarinho" que temos. Porém, há sempre os ditos "danos colaterais", e é justamente por isso que, por mais que tenhamos boas intenções, é sempre preciso prestar muita atenção no que dizemos, física ou digitalmente. Citando Jesus novamente: "Orai e vigiai".

Quer dizer a verdade? Quer mostrar as falhas da justiça humana cedendo à corrupção? Vá em frente. Mas será sempre interessante pra cada um e para todos nós que acreditemos também que sempre há esperança. Se ficarmos restritos só a lei dos homens, poderemos começar a achar que "não tem jeito", não tem salvação. E isso não nos torna melhores que a multidão. As pessoas - individualmente - são inteligentes, no entanto o povo é massa de colisão, entra em pânico e gera histeria coletiva. E isso não é construtivo. Trouxemos este assunto por acreditarmos que seria interessante compartilhar um ponto de vista diferente, contribuindo para a seara do bem e ajudando, como a sua intenção original, a nos fazer pensar mais a respeito.

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Beijos e abraços.

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