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"Lembra-te deles, os quase loucos de sofrimento, e trabalha para que a Doutrina Espírita lhes estenda socorro oportuno. Para isso, estudemos Allan Kardec, ao clarão da mensagem de Jesus Cristo, e, seja no exemplo ou na atitude, na ação ou na palavra, recordemos que o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação".

Trecho retirado do livro Estude e Viva – FEB 9ª edição, cap. 40. Chico Xavier/Waldo Vieira. Pelos espíritos Emmanuel/André Luiz.

Campanha Segunda Sem Carne

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Faça o que eu faço

Um artigo interessante que nos faz pensar sobre nossas atitudes e no que acreditamos até agora, através da experiência de alguém que está na caminhada pela evolução tanto quanto cada um de nós.
Por Roberta Faria
artigo publicado na Revista Sorria

O dia em que eu entendi o que era educação foi num sábado de manhã, oito anos atrás, ao atender um telefonema de telemarketing. Foi uma ligação dessas que começam com alguém lendo seu nome completo. Fiz o de sempre: contei uma mentira rápida. “Ah, a Roberta não está. Não, ela só volta à noite.” Desliguei, como se nada tivesse acontecido – e deparei com uma pessoa me encarando intrigada. “Mas, mamãe, você tá! Por que você fingiu?!”

A Gabriela tinha pouco mais de 3 anos. Até pouco tempo, tinha sido meu bebê – um trabalho braçal, mas que me exigia poucas explicações. De repente, estava se dando conta do mundo. Cheia de espanto, fazia perguntas curiosas e observações constrangedoras. Era uma nova fase, deliciosa. Até ela me pegar mentindo no telefone.
Em segundos, vi um filme passar diante dos meus olhos. Uma coisa tão banal, eu sei – quantas mentirinhas não contamos? Mas, diante dela, tão fácil de ser enganada, senti o peso do mundo. Como se aquela resposta fosse a mais importante que eu daria à Gabi em toda nossa vida.

Então isso é educação, pensei. Não o que dou a ela: não são os bons modos à mesa, a escola bacana, as aulas de natação, as histórias antes de dormir, as regras de comportamento, as brincadeiras, os passeios, as lições.

Não, não é o que eu dou. A educação é o que eu sou.

Eu sou o exemplo. Antes de tudo, da forma mais primitiva, é assim que se ensina e se aprende, que se transmitem valores e conhecimentos, hábitos e habilidades. Sem precisar de aulas, manuais, nem um só real: basta a convivência. E a força dessas lições é maior do que qualquer outra dada em salas, livros, discursos. Meus anos de estudos pouco significam perto dos exemplos que recebi.

Isso também aconteceria com a minha filha. E tornaria tudo muito mais difícil. Um curso pode custar caro, dar trabalho, mas é cômodo. Ser um bom exemplo, por inteiro, coerente no que se fala e no que se faz? É uma missão para a vida toda. Mais ou menos como manter a barriga encolhida e as costas retas 24 horas por dia, inclusive enquanto se carrega as caixas da mudança pela escada.

Naquela manhã de sábado, encolhi minha barriga, endireitei as costas, peguei minha filha pela mão e a levei para o jardim, para ter uma conversa da qual ela não guarda nenhuma lembrança, mas que mudaria minha vida.

Expliquei que eu tinha fingido que não estava em casa porque não queria falar com a pessoa que tinha ligado. “Era o lobo?”, perguntou. Não, eu não conhecia a pessoa, expliquei. E desatei a falar: havia mentido e isso era ruim; temos de ser sinceras; fui má com a pessoa que ligou; pedia desculpas por ter feito uma coisa errada...

Quando terminei, ela já estava cantarolando, em outro planeta. E eu estava tão feliz e chocada como se naquela manhã tivesse me tornado mãe outra vez. Uma coisa é ter filhos, entendi. Outra é se comprometer em educá-los.

Desde então, tentar ser um bom exemplo para ela se reflete em cada mínima coisa da minha existência: o que eu como, compro, digo. O que faço no trabalho, como vivo minhas relações, as opiniões que defendo. Não janto mais no sofá, não tenho carro e faço mais gentilezas do que me é natural só para praticar o que digo a ela ser certo.

Às vezes fracasso. Às vezes me orgulho. Fico em dúvida se adianta. Canso. Mas a recompensa tem a medida da dificuldade. E não está, quem diria, na filha que crio. Ela mora em mim: ao tentar educá-la, me transformo em uma pessoa melhor. Era eu quem mais precisava de educação.

Esta é nossa edição de aniversário e marca uma mudança: uma jornada para contribuir com um país mais educado. Estará nas doações que fazemos e nas histórias que contamos. Espero que você nos acompanhe. E que também se inspire a aprender todos os dias algo de bom.

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Beijos e abraços.

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