por Jacob Melo em August 29, 2011 at 8:10 AM
Para acompanhar e entender a reflexão de Jacob veja também as parte I e parte II, parte IV e parte V.
Uma panorâmica dolorosa sobre o que estão e estamos fazendo com a união entre o Espiritismo e o Magnetismo.
“Não! As ciências e seus legítimos representantes não afastam o homem da Divindade; não! As ciências não fazem ateus!” Johann von Mädler (1794-1874) astrônomo alemão.
Sempre houve e sempre surgem grandes almas falando ou escrevendo aquilo de bom que não sabemos sintetizar. E é com muita alegria que me esforço por aproveitar tamanha sabedoria. Mas não apenas os chamados gênios falam aos nossos sentidos e à nossa razão. Por isso, de uma forma bastante particular, com muita felicidade e gratidão reconheço que tem surgido almas dizendo compreender tanto os vínculos do Magnetismo com o Espiritismo como igualmente entendem as fragilidades dos seres humanos, mesmo daqueles que se revestem das túnicas do poder e do saber para imporem suas visões acerca de coisas que dizem respeito a toda a humanidade e não apenas aos seguidores de uma doutrina, ainda que seja a nossa, a Espírita. Oh! Como sou agradecido a Deus por colocá-las em meu caminho, por fazê-las falar e escrever, ainda que de forma bastante particular, como agradeço por compartilhar experiências comuns e grandiosas com elas! Escrevendo isso aponto que não visualizo apenas coisas ruins ou pessoas más no cenário de nossas vidas espíritas. Nesta série de artigos tenho destacado, por ser absolutamente necessário – lógico que sob meu ponto de vista – que nossos adeptos (do Espiritismo) saibam, vejam ou sintam que nem tudo são flores sem espinhos, belezas sem problemas, realidade sem crueza... Mas faço questão de confessar ainda mais uma vez que fico feliz, muito agradecido mesmo, quando recebo comentários acerca desta série de artigos, dizendo do quanto tem sido útil esse descortinar de fatos e do quanto ainda precisamos ter os pés no chão para não sermos levados pela turba dos falsos cristos. Todavia, embora querendo de verdade que muitos saibam de tantas coisas, sobretudo para estarmos alertas quanto aos desvios que esses “defensores da pureza doutrinária” querem nos induzir, ironicamente dizendo afastarem as pessoas das trevas, não tenho a menor intenção ou pretensão de ter ou fazer seguidores; apenas procuro evitar que, assim como aconteceu no doloroso passado com outras regiligiões e doutrinas, não permitamos tal erro envolvendo o Espiritismo, para não enveredarmos por esse acomodatício, infrutífero e maldoso caminho do “braços cruzados, pois Deus faz tudo por nós”.
Quem participa de seminários que realizo, notadamente quando abordo a questão Magnetismo, sabe que até hoje não obtive qualquer explicação, por mímima que seja, do porquê da FEB ter deixado de publicar meu livro O Passe – Seu Estudo, Suas Técnicas, Sua Prática. Como não consegui saber dessa razão de forma direta, pedi a alguns amigos que procurassem meios de colher esse retorno a fim de entender tão forte decisão. Digo forte porque até que suas edições fossem suspensas – há mais de 4 (quatro) anos – esse livro era tido como referência para todo estudioso do assunto, fosse o leitor espírita ou não. Inclusive, diretores daquela Casa e editora, com quem tive oportunidade de conversar em diferentes ocasiões, me ratificaram o valor intrínseco daquela obra e do quanto ela esclarecia, ajudava e ampliava horizontes antes restritos ao “faça-se assim”, ao jeito do fazer sem explicações lógicas ou sequer fundamentadas. Mas isso foi insuficiente para mantê-lo “vivo”, ensejando comentários desagradáveis alguns, desastrosos outros, não sobre a minha pessoa, que pouco valho nesse imenso universo, mas sobre o que a própria obra aborda.
Não tenho, portanto, nenhum registro ou palavra oficial da FEB acerca dessa decisão, mas dois fatos precisam ficar registrados.
Pouco menos de 3 (três) anos após a primeira edição daquele livro ter sido lançado estive, pessoalmente, na sede da FEB, no Rio de Janeiro, onde conversei demoradamente com o então presidente, Dr. Juvanir Borges de Souza. Dentre os assuntos abordados coloquei que o livro O Passe estava necessitando urgente de uma revisão ampla, tanto no sentido gramatical – pois a FEB tinha garantido que providenciaria a mesma e, ao que parece, nunca foi feita –, como de ajuste nas referências das citações e ainda na correção de alguns poucos pontos de abordagens que estavam confusos ou mesmo equivocados. Para minha surpresa ele me disse que a FEB não fazia revisões nem ampliações em obras já publicadas, mas que providenciaria apenas a revisão gramatical. Saí dali entristecido, pois sabia que aquela revisão era imprescindível para um melhor aproveitamento da obra. A mim, portanto, não me restava outra opção que não fosse a de escrever uma obra complementar, através da qual faria os reajustes necessários. E foi assim que escrevi o livro Manual do Passista.
A despeito das falhas nunca corrigidas, o livro O Passe seguia sendo muito vendido, lido e utilizado tornando-se um verdadeiro best-seller, sem falar no ensejo do surgimento de muitas novas publicações sobre o tema que, a partir daquele livro, despertaram o interesse das editoras e do público em geral.
Um segundo fato ocorreu quando, no período de carnaval do ano de 2006, durante um evento anual que ocorre em Natal, a CONFERN, Confraternização dos Espíritas do Rio Grande do Norte, fui convidado para ter um encontro naquele evento com o presidente da FEB, Sr. Nestor Masotti. Nessa conversa ele ponderou que algumas partes do livro – não explicitou quantas nem quais – precisariam ser revistas e que, por isso, estava me pedindo para proceder uma revisão na obra. Falei da alegria por finalmente a FEB pensar numa revisão, mas a exiguidade de tempo em que me encontrava não me permitia atender ao pedido em prazo muito curto. Aproveitei e quis saber, então, o que estava discordante a fim de ter um ponto de partida para a revisão, ao que ele me disse que a maneira adotada seria eu fazer a revisão e só depois a FEB se pronunciaria sobre o que deveria ser suprimido ou modificado. Falei que não era assim a melhor maneira, pois nada mais lógico havia do que ali mesmo conversarmos acerca do que estaria em desacordo, com o quê e com quem. Ademais, lembrei, o autor do livro e, portanto, o responsável pelo que estava e/ou saísse escrito era e seria eu. Ele redarguiu que entretanto à FEB caberia o direito de seguir publicando o livro ou não. E ficou o impasse. O resultado já se sabe: o livro teve mais uma única publicação depois daquele encontro e logo em seguida deixou de ser impresso. Assim mesmo... Sem qualquer explicação.
Ainda que pareça que estarei mudando de assunto, prossigo. Tudo indica que os documentos que definem ações no âmbito do movimento espírita não são bem lidos por quem de suas elaborações participa. “Aprovado na reunião do Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira, realizada em Brasília, no dia 12/04/2007” o Plano de Trabalho para o Movimento Espírita Brasileiro, para o período de 2007 a 2012, abre sua apresentação, em suas diretrizes e seus objetivos, afirmando que “O Movimento Espírita tem por finalidade promover e realizar o estudo, a divulgação e a prática da Doutrina Espírita, colocando-a ao alcance e a serviço de todos os seres humanos, cumprindo, assim, a sua missão, que é a de “instruir e esclarecer os homens, abrindo uma Nova Era para a regeneração da Humanidade”. (O Livro dos Espíritos – Prolegômenos). A conexão que busco é: mas se Kardec vinculou o Espiritismo com o Magnetismo, falando disso e nisso em todas as suas obras, TODAS, atrelando, de forma inarredável, a característica de ciência comum às duas, como posso dizer que tenho por finalidade promover e realizar o estudo dessa Doutrina se lhe retiro, sem qualquer cerimônia, essa base? Como instruir e esclarecer os homens se lhes suprimo uma das bases fundamentais da Doutrina? Como sustentar que dispomos de uma Doutrina que opera numa base tríplice – ciência, filosofia e religião –, mas lhe extirpamos o primeiro elemento, a ciência?
Voltando ao livro O Passe fiquei analisando, por muito tempo, se ele ter deixado de circular seria apenas um caso fortuito, uma implicância pontual, um não gostar de algum fator, enfim, sempre quis acreditar que era tudo muito ocasional e não dirigido. Imaginei, ainda que não houvesse qualquer sustentação para meu raciocínio, que era uma mera questão de gosto (ou desgosto) pessoal, fosse pelo meu estilo de escrever, fosse por eu falar abertamente do meu modo de ver, ler, saber, sentir e viver Kardec. Mas hoje sou levado a pensar diferente. Não há, não sei e nem entendo por que razão, interesse ou móvel se pretende romper esse vínculo – do Magnetismo com o Espiritismo. É como se o desenvolvimento do Magnetismo roubasse grande parte da cena, de uma maneira bastante vigorosa, pois que não dependeria de direções ou domínios e tão somente de uma boa, feliz e eficaz aplicação, onde e aonde quer que fosse. Sendo assim, o livro não era mais tão bem-vindo. Quero ressalvar que isso pode não ser a melhor conclusão, mas como não me indicam nenhuma outra posso, naturalmente, raciocinar livremente; e, neste caso, só este me parece razoável. Pronuncie-se quem tiver ideias diferentes.
Desde que o livro O Passe deixou de ser publicado começou a surgir um certo mal-estar envolvendo meu nome, meus estudos, meu trabalho espírita. Ouvi uma infinidade de críticas, de azedumes, de palavras cruéis e bastante desumanas, vindas de pessoas e instituições sempre tidas por respeitáveis, veneradas, tomadas como modelos. Não me dei ao trabalho de ir em busca de explicações, de debater, de rebater, de comentar... Afinal, temos tanto o que fazer que ficar na discussão estéril não levaria nem a mim nem o que defendo a lugar algum; preciso é semear onde o bem possa florir, reproduzir-se e sobrepujar todo solo que lhe sufoca, enquanto semente, mas lhe dá vida, enquanto cumpre seu papel. Mas agora, neste momento atual, as “coisas” estão saindo completamente do controle, sobretudo porque pessoas que seriam as mais indicadas para refletirem e agirem com sensatez veem se apresentando como negativamente duras ou agressivas, vazias e propaladoras das inverdades que são contrariadas não apenas nas obras de Kardec, mas em todas obras sérias que orientam a prática espírita.
Uma amiga, que eu sempre respeitei e admirei pelo zelo que demonstrava ter pela Doutrina Espírita e que podia sim falar em nome desta sem qualquer receio do que ela viesse a pronunciar, conversou com uma dirigente espírita minha amiga igualmente e a ela pediu que não mais me apresentasse como palestrante espírita, pois que eu era apenas magnetizador. Quando soube disso e contando com a “fonte” da informação escrevi-lhe questionando o que foi dito. Alegou-me, em sua justificativa, por e-mail a mim dirigido, que: “... acho excelente as pesquisas que faz neste campo e que sem dúvida algumas as práticas do magnetismo podem ser agregadas às práticas espíritas. Mas Magnetismo não é espiritismo. Não é por isso, pelo fato de não ser espiritismo, que magnetismo não possa tambem ser considerada uma matéria e prática eficiente e respeitável”.
Ok. Vou entender que ela quis dizer que eu seria melhor apresentado como magnetizador do que como espírita. Não consigo entender esse raciocínio, mas... Por outro lado, bem se percebe que ela não está tão de acordo com Allan Kardec, pelo menos nesse ponto: Magnetismo e Espiritismo. Ou então tudo o que já li dele, em seus livros, foi distorcido. Por sinal, já escrevi um livro (do qual estou sempre repetindo o nome a fim de que quem queira saber como leio e entendo Kardec possa lê-lo), Reavaliando Verdades Distorcidas, no qual deixo liminarmente lúcido como respeito e como sigo essa Doutrina tal qual ele no-la entregou. Portanto, ela dizer que o Magnetismo é útil e respeitável, alijando-o do Espiritismo (com E maiúsculo e não minúsculo) é estar contra aquilo que está em exposição nesse contexto.
Ela ainda lembrou que: “Como você (no caso esse você sou eu, Jacob) mesmo disse, Kardec foi magnetizador (foi o próprio Kardec quem o disse, em sua Revista Espírita, edição de junho de 1858, no artigo “Os banquetes magnéticos” ), mas quando codificou o espiritismo, chamou-o de espiritismo e não de espiritismo magnético ou magnetismo ESPÍRITA”.
Pois é, até parece que do fato dele não ter posto o nome do Magnetismo atrelado ao do Espiritismo significa dizer que ele não quis mais saber do outro ou que aquele era impensável junto a este. Será que ela escreveu isso pensando mesmo no que eu pensei? Creio que não, pois continuo acreditando que ela entende Allan Kardec e o que ele escreveu.
Corroborando com o sentido de que não me apresentar como espírita tinha algo mais a ver com o afastar meu vínculo aberto com a Doutrina, em seu e-mail ela me colocou em observação. Escreveu: “Então, Creio que o único cuidado que recomendo é evitar comentários como o que você fez em nosso Centro (...) há 2 anos atrás de que "o passe do Centro espírita não serve para nada"." - Como foi colocado este final entre aspas acredito que ela deva ter o arquivo completo onde está dito isso por mim – em vídeo, fita ou algum tipo de memória física. Entretanto, convenhamos, no mínimo soam extremamente destoantes essas palavras vindas de minha boca; quem me conhece sabe que eu não digo isso, salvo se sob a forma de enfatização ou dentro de uma abrangência que foge ao que se pretende dizer quando se diz que isso foi dito por mim. Oh Deus! Como eu gostaria de receber cópia dessa gravação! Isso me faz lembrar uma citação que ouvi alhures em que um padre começou sua pregação dizendo algo assim: “Deus não existe!”. E fez uma pausa para perceber a reação da platéia. E logo depois, ante o espanto do seu público, repetiu: “É isso mesmo: Deus não existe! Isto é o que afirmam os ateus”. E se agora penso nesse fato hilário é apenas para poder ao menos imaginar que se eu tiver mesmo pronunciado o que ela disse em seu e-mail, então precisarei ser relembrado do complemento...
No final do e-mail ela pondera: “Continuo torcendo pelo seu trabalho e pesquisas neste campo, por acho-as extremamente necessárias, para que cada vez mais possamos ter melhores subsídios para nosso fim essencial, que é o de ajudar as pessoas e a nós mesmos. Magnetismo por si só é Suficientemente Importante e respeitável, e para ser assim considerado não precisa estar atrelado ao espiritismo, pois não seria uma afirmação verdadeira”.
Agradeço, de todo coração, as boas vibrações vindas daquele coração generoso em favor desse estudo do Magnetismo e, como foi dito por ela, também acho o Magnetismo suficientemente importante e respeitável, mas não tenho a menor condição de concordar com o arremate feito, pois aquilo contraria não a mim apenas nem aos que estudam o Magnetismo, mas ao Espiritismo e a todos os espíritas que leem, leram e lerão as obras de Allan Kardec. Afinal, se não for afirmação verdadeira de que o Magnetismo está atrelado ao Espiritismo (*), e sendo esta afirmação uma das bandeiras do próprio codificador, então não serei eu o mentiroso, logo fica em aberto a questão: quem está mentindo então?
(*) “O magnetismo e o Espiritismo são, com efeito, duas ciências gêmeas, que se completam e se explicam uma pela outra, e das quais aquela das duas que não quer se imobilizar, não pode chegar a seu complemento sem se apoiar sobre a sua congênere; isoladas uma da outra, elas se detêm num impasse; elas são reciprocamente como a física e a química, a anatomia e a fisiologia”. (grifo original). In Revista Espírita de Janeiro de 1869, portanto publicado a apenas 2 (dois) meses da desencarnação do mestre Allan Kardec.
Um termo recente, porém com tragicidade bem antiga, é normose. Significa a busca pela manutenção de valores impostos e que geram problemas, doenças e desvios de personalidade; no dizer de Pierre Weil, normose é a patologia da normalidade. Pois a mim me parece que há um conjunto de forças e esforços em pretender se normocizar os espíritas. Suprime-se a faculdade natural e humana e impõe-se proibições e regras incabíveis, tudo em nome de uma pureza doutrinária, com o aval de uma frase doce e dita de lábios moles: “Seguimos a Jesus”.
É verdade, devemos e precisamos mesmo seguir Jesus, o Cristo, e não as feições estranhas que estão sendo expostas nas máscaras do desvirtuamento. Pois se Allan Kardec veio nos trazer a melhor observação e o melhor entendimento da mensagem do Mestre, como ficar com sua Doutrina esfacelada e seguir corretamente aquele?
Quem não estiver bem atento ao que está ocorrendo com a desestruturação da base espírita, em breve, por qualquer ato de ajuda ao próximo que venha a praticar (num próximo artigo desta série comentarei especificamente sobre isso: já afirmam que as curas são indevidas), se sentirá condenado, expurgado, anatematizado, jogado antecipadamente aos tristes e dolorosos vales umbralinos, contraindo, já, essa normose infeliz de se seguir a mais aberta de todas as Doutrinas da humanidade, mas que estará totalmente fechada e lacrada nos interesses sabe-se lá de quem. E uma nova codificação deverá surgir no CID da medicina: normose espírita – patologia em que seu portador sofre muito por não ser normal segundo os preceitos de dirigentes espíritas.
Finalizando por hoje, quero confessar um grave defeito meu: fico me controlando o tempo inteiro para não fazer transcrições de Kardec, até por saber que elas estão acessíveis a absolutamente todos, mas desta vez não vou resistir. Como muito pouco, muito pouco mesmo foi divulgado, nesses mais de 150 anos de Espiritismo, o valor e a necessidade de conhecermos, lermos e estudarmos a Revista Espírita, de Allan Kardec, quero deixar aqui, para a reflexão de todos, uma pequena parte da introdução do número 1 da Revista Espírita, datada de janeiro de 1858, portanto, menos de 1 (um) ano depois da publicação de O Livro dos Espíritos. Observe como ele sentia o Magnetismo:
“A rapidez com a qual se propagaram, em todas as partes do mundo, os fenômenos estranhos das manifestações espíritas, é uma prova do interesse que causam. Simples objeto de curiosidade, a princípio, não tardaram em despertar a atenção dos homens sérios que entreviram, desde o início, a influência inevitável que devem ter sobre o estado moral da sociedade. As idéias novas que deles surgem, se popularizam cada dia mais, e nada poderia deter-lhes o progresso, pela razão muito simples de que esses fenômenos estão ao alcance de todo mundo, ou quase todo, e que nenhuma força humana pode impedi-los de se produzirem. Se os abafam em algum ponto, eles reaparecem em cem outros. Aqueles, pois, que poderiam, nele, ver um inconveniente qualquer, serão constrangidos, pela força das coisas, a sofrer-lhes as conseqüências, como ocorreu com as indústrias novas que, na sua origem, feriram interesses privados, e com as quais todo o mundo acabou por se ajeitar, porque não se poderia fazer de outro modo. O que não se fez e disse contra o magnetismo!
E, todavia, todos os raios que se lançaram contra ele, todas as armas com as quais o atingiram, mesmo o ridículo, se enfraqueceram diante da realidade, e não serviram senão para colocá-lo mais e mais em evidência. É que o magnetismo é uma força natural, e que, diante das forças da Natureza, o homem é um pigmeu semelhante a esses cãezinhos que ladram, inutilmente, contra o que os assusta. Há manifestações espíritas como a do sonambulismo; se elas não se produzem à luz do dia, publicamente, ninguém pode se opor a que tenham lugar na intimidade, uma vez que, cada família, pode achar um médium entre seus membros, desde a criança até o velho, como pode achar um sonâmbulo. Quem, pois, poderia impedir, a qualquer pessoa, de ser médium ou sonâmbula? Aqueles que combatem a coisa, sem dúvida, não refletiram nela. Ainda uma vez, quando uma força é da Natureza, pode-se detê-la um instante: aniquilá-la, jamais! Não se faz mais do que desviar-lhe o curso. Ora, a força que se revela no fenômeno das manifestações, qualquer que seja a sua causa, está na Natureza, como a do magnetismo; não será aniquilada, pois, como não se pode aniquilar a força elétrica. O que é preciso fazer, é observá-la, estudar-lhe todas as fases para, delas, deduzir as leis que a regem. Se for um erro, uma ilusão, o tempo lhe fará justiça; se for a verdade, a verdade é como o vapor: quanto mais se comprime, maior é a sua força de expansão”... (grifos meus).
Concordante com Allan Kardec também afirmo que tanto o Espiritismo como o Magnetismo são forças naturais e contra elas ou contra a união das duas só lutarão os insanos, os prepotentes ou os portadores de subalternos interesses. Eu, particularmente, e muitos dos que teem lido estes artigos e me escrito, somos seguidores dos três: Jesus, Kardec e o Espiritismo com o Magnetismo incluso, intrínseco, indissociável.
“Não! As ciências e seus legítimos representantes não afastam o homem da Divindade; não! As ciências não fazem ateus!” Johann von Mädler (1794-1874) astrônomo alemão.
Sempre houve e sempre surgem grandes almas falando ou escrevendo aquilo de bom que não sabemos sintetizar. E é com muita alegria que me esforço por aproveitar tamanha sabedoria. Mas não apenas os chamados gênios falam aos nossos sentidos e à nossa razão. Por isso, de uma forma bastante particular, com muita felicidade e gratidão reconheço que tem surgido almas dizendo compreender tanto os vínculos do Magnetismo com o Espiritismo como igualmente entendem as fragilidades dos seres humanos, mesmo daqueles que se revestem das túnicas do poder e do saber para imporem suas visões acerca de coisas que dizem respeito a toda a humanidade e não apenas aos seguidores de uma doutrina, ainda que seja a nossa, a Espírita. Oh! Como sou agradecido a Deus por colocá-las em meu caminho, por fazê-las falar e escrever, ainda que de forma bastante particular, como agradeço por compartilhar experiências comuns e grandiosas com elas! Escrevendo isso aponto que não visualizo apenas coisas ruins ou pessoas más no cenário de nossas vidas espíritas. Nesta série de artigos tenho destacado, por ser absolutamente necessário – lógico que sob meu ponto de vista – que nossos adeptos (do Espiritismo) saibam, vejam ou sintam que nem tudo são flores sem espinhos, belezas sem problemas, realidade sem crueza... Mas faço questão de confessar ainda mais uma vez que fico feliz, muito agradecido mesmo, quando recebo comentários acerca desta série de artigos, dizendo do quanto tem sido útil esse descortinar de fatos e do quanto ainda precisamos ter os pés no chão para não sermos levados pela turba dos falsos cristos. Todavia, embora querendo de verdade que muitos saibam de tantas coisas, sobretudo para estarmos alertas quanto aos desvios que esses “defensores da pureza doutrinária” querem nos induzir, ironicamente dizendo afastarem as pessoas das trevas, não tenho a menor intenção ou pretensão de ter ou fazer seguidores; apenas procuro evitar que, assim como aconteceu no doloroso passado com outras regiligiões e doutrinas, não permitamos tal erro envolvendo o Espiritismo, para não enveredarmos por esse acomodatício, infrutífero e maldoso caminho do “braços cruzados, pois Deus faz tudo por nós”.
Quem participa de seminários que realizo, notadamente quando abordo a questão Magnetismo, sabe que até hoje não obtive qualquer explicação, por mímima que seja, do porquê da FEB ter deixado de publicar meu livro O Passe – Seu Estudo, Suas Técnicas, Sua Prática. Como não consegui saber dessa razão de forma direta, pedi a alguns amigos que procurassem meios de colher esse retorno a fim de entender tão forte decisão. Digo forte porque até que suas edições fossem suspensas – há mais de 4 (quatro) anos – esse livro era tido como referência para todo estudioso do assunto, fosse o leitor espírita ou não. Inclusive, diretores daquela Casa e editora, com quem tive oportunidade de conversar em diferentes ocasiões, me ratificaram o valor intrínseco daquela obra e do quanto ela esclarecia, ajudava e ampliava horizontes antes restritos ao “faça-se assim”, ao jeito do fazer sem explicações lógicas ou sequer fundamentadas. Mas isso foi insuficiente para mantê-lo “vivo”, ensejando comentários desagradáveis alguns, desastrosos outros, não sobre a minha pessoa, que pouco valho nesse imenso universo, mas sobre o que a própria obra aborda.
Não tenho, portanto, nenhum registro ou palavra oficial da FEB acerca dessa decisão, mas dois fatos precisam ficar registrados.
Pouco menos de 3 (três) anos após a primeira edição daquele livro ter sido lançado estive, pessoalmente, na sede da FEB, no Rio de Janeiro, onde conversei demoradamente com o então presidente, Dr. Juvanir Borges de Souza. Dentre os assuntos abordados coloquei que o livro O Passe estava necessitando urgente de uma revisão ampla, tanto no sentido gramatical – pois a FEB tinha garantido que providenciaria a mesma e, ao que parece, nunca foi feita –, como de ajuste nas referências das citações e ainda na correção de alguns poucos pontos de abordagens que estavam confusos ou mesmo equivocados. Para minha surpresa ele me disse que a FEB não fazia revisões nem ampliações em obras já publicadas, mas que providenciaria apenas a revisão gramatical. Saí dali entristecido, pois sabia que aquela revisão era imprescindível para um melhor aproveitamento da obra. A mim, portanto, não me restava outra opção que não fosse a de escrever uma obra complementar, através da qual faria os reajustes necessários. E foi assim que escrevi o livro Manual do Passista.
A despeito das falhas nunca corrigidas, o livro O Passe seguia sendo muito vendido, lido e utilizado tornando-se um verdadeiro best-seller, sem falar no ensejo do surgimento de muitas novas publicações sobre o tema que, a partir daquele livro, despertaram o interesse das editoras e do público em geral.
Um segundo fato ocorreu quando, no período de carnaval do ano de 2006, durante um evento anual que ocorre em Natal, a CONFERN, Confraternização dos Espíritas do Rio Grande do Norte, fui convidado para ter um encontro naquele evento com o presidente da FEB, Sr. Nestor Masotti. Nessa conversa ele ponderou que algumas partes do livro – não explicitou quantas nem quais – precisariam ser revistas e que, por isso, estava me pedindo para proceder uma revisão na obra. Falei da alegria por finalmente a FEB pensar numa revisão, mas a exiguidade de tempo em que me encontrava não me permitia atender ao pedido em prazo muito curto. Aproveitei e quis saber, então, o que estava discordante a fim de ter um ponto de partida para a revisão, ao que ele me disse que a maneira adotada seria eu fazer a revisão e só depois a FEB se pronunciaria sobre o que deveria ser suprimido ou modificado. Falei que não era assim a melhor maneira, pois nada mais lógico havia do que ali mesmo conversarmos acerca do que estaria em desacordo, com o quê e com quem. Ademais, lembrei, o autor do livro e, portanto, o responsável pelo que estava e/ou saísse escrito era e seria eu. Ele redarguiu que entretanto à FEB caberia o direito de seguir publicando o livro ou não. E ficou o impasse. O resultado já se sabe: o livro teve mais uma única publicação depois daquele encontro e logo em seguida deixou de ser impresso. Assim mesmo... Sem qualquer explicação.
Ainda que pareça que estarei mudando de assunto, prossigo. Tudo indica que os documentos que definem ações no âmbito do movimento espírita não são bem lidos por quem de suas elaborações participa. “Aprovado na reunião do Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira, realizada em Brasília, no dia 12/04/2007” o Plano de Trabalho para o Movimento Espírita Brasileiro, para o período de 2007 a 2012, abre sua apresentação, em suas diretrizes e seus objetivos, afirmando que “O Movimento Espírita tem por finalidade promover e realizar o estudo, a divulgação e a prática da Doutrina Espírita, colocando-a ao alcance e a serviço de todos os seres humanos, cumprindo, assim, a sua missão, que é a de “instruir e esclarecer os homens, abrindo uma Nova Era para a regeneração da Humanidade”. (O Livro dos Espíritos – Prolegômenos). A conexão que busco é: mas se Kardec vinculou o Espiritismo com o Magnetismo, falando disso e nisso em todas as suas obras, TODAS, atrelando, de forma inarredável, a característica de ciência comum às duas, como posso dizer que tenho por finalidade promover e realizar o estudo dessa Doutrina se lhe retiro, sem qualquer cerimônia, essa base? Como instruir e esclarecer os homens se lhes suprimo uma das bases fundamentais da Doutrina? Como sustentar que dispomos de uma Doutrina que opera numa base tríplice – ciência, filosofia e religião –, mas lhe extirpamos o primeiro elemento, a ciência?
Voltando ao livro O Passe fiquei analisando, por muito tempo, se ele ter deixado de circular seria apenas um caso fortuito, uma implicância pontual, um não gostar de algum fator, enfim, sempre quis acreditar que era tudo muito ocasional e não dirigido. Imaginei, ainda que não houvesse qualquer sustentação para meu raciocínio, que era uma mera questão de gosto (ou desgosto) pessoal, fosse pelo meu estilo de escrever, fosse por eu falar abertamente do meu modo de ver, ler, saber, sentir e viver Kardec. Mas hoje sou levado a pensar diferente. Não há, não sei e nem entendo por que razão, interesse ou móvel se pretende romper esse vínculo – do Magnetismo com o Espiritismo. É como se o desenvolvimento do Magnetismo roubasse grande parte da cena, de uma maneira bastante vigorosa, pois que não dependeria de direções ou domínios e tão somente de uma boa, feliz e eficaz aplicação, onde e aonde quer que fosse. Sendo assim, o livro não era mais tão bem-vindo. Quero ressalvar que isso pode não ser a melhor conclusão, mas como não me indicam nenhuma outra posso, naturalmente, raciocinar livremente; e, neste caso, só este me parece razoável. Pronuncie-se quem tiver ideias diferentes.
Desde que o livro O Passe deixou de ser publicado começou a surgir um certo mal-estar envolvendo meu nome, meus estudos, meu trabalho espírita. Ouvi uma infinidade de críticas, de azedumes, de palavras cruéis e bastante desumanas, vindas de pessoas e instituições sempre tidas por respeitáveis, veneradas, tomadas como modelos. Não me dei ao trabalho de ir em busca de explicações, de debater, de rebater, de comentar... Afinal, temos tanto o que fazer que ficar na discussão estéril não levaria nem a mim nem o que defendo a lugar algum; preciso é semear onde o bem possa florir, reproduzir-se e sobrepujar todo solo que lhe sufoca, enquanto semente, mas lhe dá vida, enquanto cumpre seu papel. Mas agora, neste momento atual, as “coisas” estão saindo completamente do controle, sobretudo porque pessoas que seriam as mais indicadas para refletirem e agirem com sensatez veem se apresentando como negativamente duras ou agressivas, vazias e propaladoras das inverdades que são contrariadas não apenas nas obras de Kardec, mas em todas obras sérias que orientam a prática espírita.
Uma amiga, que eu sempre respeitei e admirei pelo zelo que demonstrava ter pela Doutrina Espírita e que podia sim falar em nome desta sem qualquer receio do que ela viesse a pronunciar, conversou com uma dirigente espírita minha amiga igualmente e a ela pediu que não mais me apresentasse como palestrante espírita, pois que eu era apenas magnetizador. Quando soube disso e contando com a “fonte” da informação escrevi-lhe questionando o que foi dito. Alegou-me, em sua justificativa, por e-mail a mim dirigido, que: “... acho excelente as pesquisas que faz neste campo e que sem dúvida algumas as práticas do magnetismo podem ser agregadas às práticas espíritas. Mas Magnetismo não é espiritismo. Não é por isso, pelo fato de não ser espiritismo, que magnetismo não possa tambem ser considerada uma matéria e prática eficiente e respeitável”.
Ok. Vou entender que ela quis dizer que eu seria melhor apresentado como magnetizador do que como espírita. Não consigo entender esse raciocínio, mas... Por outro lado, bem se percebe que ela não está tão de acordo com Allan Kardec, pelo menos nesse ponto: Magnetismo e Espiritismo. Ou então tudo o que já li dele, em seus livros, foi distorcido. Por sinal, já escrevi um livro (do qual estou sempre repetindo o nome a fim de que quem queira saber como leio e entendo Kardec possa lê-lo), Reavaliando Verdades Distorcidas, no qual deixo liminarmente lúcido como respeito e como sigo essa Doutrina tal qual ele no-la entregou. Portanto, ela dizer que o Magnetismo é útil e respeitável, alijando-o do Espiritismo (com E maiúsculo e não minúsculo) é estar contra aquilo que está em exposição nesse contexto.
Ela ainda lembrou que: “Como você (no caso esse você sou eu, Jacob) mesmo disse, Kardec foi magnetizador (foi o próprio Kardec quem o disse, em sua Revista Espírita, edição de junho de 1858, no artigo “Os banquetes magnéticos” ), mas quando codificou o espiritismo, chamou-o de espiritismo e não de espiritismo magnético ou magnetismo ESPÍRITA”.
Pois é, até parece que do fato dele não ter posto o nome do Magnetismo atrelado ao do Espiritismo significa dizer que ele não quis mais saber do outro ou que aquele era impensável junto a este. Será que ela escreveu isso pensando mesmo no que eu pensei? Creio que não, pois continuo acreditando que ela entende Allan Kardec e o que ele escreveu.
Corroborando com o sentido de que não me apresentar como espírita tinha algo mais a ver com o afastar meu vínculo aberto com a Doutrina, em seu e-mail ela me colocou em observação. Escreveu: “Então, Creio que o único cuidado que recomendo é evitar comentários como o que você fez em nosso Centro (...) há 2 anos atrás de que "o passe do Centro espírita não serve para nada"." - Como foi colocado este final entre aspas acredito que ela deva ter o arquivo completo onde está dito isso por mim – em vídeo, fita ou algum tipo de memória física. Entretanto, convenhamos, no mínimo soam extremamente destoantes essas palavras vindas de minha boca; quem me conhece sabe que eu não digo isso, salvo se sob a forma de enfatização ou dentro de uma abrangência que foge ao que se pretende dizer quando se diz que isso foi dito por mim. Oh Deus! Como eu gostaria de receber cópia dessa gravação! Isso me faz lembrar uma citação que ouvi alhures em que um padre começou sua pregação dizendo algo assim: “Deus não existe!”. E fez uma pausa para perceber a reação da platéia. E logo depois, ante o espanto do seu público, repetiu: “É isso mesmo: Deus não existe! Isto é o que afirmam os ateus”. E se agora penso nesse fato hilário é apenas para poder ao menos imaginar que se eu tiver mesmo pronunciado o que ela disse em seu e-mail, então precisarei ser relembrado do complemento...
No final do e-mail ela pondera: “Continuo torcendo pelo seu trabalho e pesquisas neste campo, por acho-as extremamente necessárias, para que cada vez mais possamos ter melhores subsídios para nosso fim essencial, que é o de ajudar as pessoas e a nós mesmos. Magnetismo por si só é Suficientemente Importante e respeitável, e para ser assim considerado não precisa estar atrelado ao espiritismo, pois não seria uma afirmação verdadeira”.
Agradeço, de todo coração, as boas vibrações vindas daquele coração generoso em favor desse estudo do Magnetismo e, como foi dito por ela, também acho o Magnetismo suficientemente importante e respeitável, mas não tenho a menor condição de concordar com o arremate feito, pois aquilo contraria não a mim apenas nem aos que estudam o Magnetismo, mas ao Espiritismo e a todos os espíritas que leem, leram e lerão as obras de Allan Kardec. Afinal, se não for afirmação verdadeira de que o Magnetismo está atrelado ao Espiritismo (*), e sendo esta afirmação uma das bandeiras do próprio codificador, então não serei eu o mentiroso, logo fica em aberto a questão: quem está mentindo então?
(*) “O magnetismo e o Espiritismo são, com efeito, duas ciências gêmeas, que se completam e se explicam uma pela outra, e das quais aquela das duas que não quer se imobilizar, não pode chegar a seu complemento sem se apoiar sobre a sua congênere; isoladas uma da outra, elas se detêm num impasse; elas são reciprocamente como a física e a química, a anatomia e a fisiologia”. (grifo original). In Revista Espírita de Janeiro de 1869, portanto publicado a apenas 2 (dois) meses da desencarnação do mestre Allan Kardec.
Um termo recente, porém com tragicidade bem antiga, é normose. Significa a busca pela manutenção de valores impostos e que geram problemas, doenças e desvios de personalidade; no dizer de Pierre Weil, normose é a patologia da normalidade. Pois a mim me parece que há um conjunto de forças e esforços em pretender se normocizar os espíritas. Suprime-se a faculdade natural e humana e impõe-se proibições e regras incabíveis, tudo em nome de uma pureza doutrinária, com o aval de uma frase doce e dita de lábios moles: “Seguimos a Jesus”.
É verdade, devemos e precisamos mesmo seguir Jesus, o Cristo, e não as feições estranhas que estão sendo expostas nas máscaras do desvirtuamento. Pois se Allan Kardec veio nos trazer a melhor observação e o melhor entendimento da mensagem do Mestre, como ficar com sua Doutrina esfacelada e seguir corretamente aquele?
Quem não estiver bem atento ao que está ocorrendo com a desestruturação da base espírita, em breve, por qualquer ato de ajuda ao próximo que venha a praticar (num próximo artigo desta série comentarei especificamente sobre isso: já afirmam que as curas são indevidas), se sentirá condenado, expurgado, anatematizado, jogado antecipadamente aos tristes e dolorosos vales umbralinos, contraindo, já, essa normose infeliz de se seguir a mais aberta de todas as Doutrinas da humanidade, mas que estará totalmente fechada e lacrada nos interesses sabe-se lá de quem. E uma nova codificação deverá surgir no CID da medicina: normose espírita – patologia em que seu portador sofre muito por não ser normal segundo os preceitos de dirigentes espíritas.
Finalizando por hoje, quero confessar um grave defeito meu: fico me controlando o tempo inteiro para não fazer transcrições de Kardec, até por saber que elas estão acessíveis a absolutamente todos, mas desta vez não vou resistir. Como muito pouco, muito pouco mesmo foi divulgado, nesses mais de 150 anos de Espiritismo, o valor e a necessidade de conhecermos, lermos e estudarmos a Revista Espírita, de Allan Kardec, quero deixar aqui, para a reflexão de todos, uma pequena parte da introdução do número 1 da Revista Espírita, datada de janeiro de 1858, portanto, menos de 1 (um) ano depois da publicação de O Livro dos Espíritos. Observe como ele sentia o Magnetismo:
“A rapidez com a qual se propagaram, em todas as partes do mundo, os fenômenos estranhos das manifestações espíritas, é uma prova do interesse que causam. Simples objeto de curiosidade, a princípio, não tardaram em despertar a atenção dos homens sérios que entreviram, desde o início, a influência inevitável que devem ter sobre o estado moral da sociedade. As idéias novas que deles surgem, se popularizam cada dia mais, e nada poderia deter-lhes o progresso, pela razão muito simples de que esses fenômenos estão ao alcance de todo mundo, ou quase todo, e que nenhuma força humana pode impedi-los de se produzirem. Se os abafam em algum ponto, eles reaparecem em cem outros. Aqueles, pois, que poderiam, nele, ver um inconveniente qualquer, serão constrangidos, pela força das coisas, a sofrer-lhes as conseqüências, como ocorreu com as indústrias novas que, na sua origem, feriram interesses privados, e com as quais todo o mundo acabou por se ajeitar, porque não se poderia fazer de outro modo. O que não se fez e disse contra o magnetismo!
E, todavia, todos os raios que se lançaram contra ele, todas as armas com as quais o atingiram, mesmo o ridículo, se enfraqueceram diante da realidade, e não serviram senão para colocá-lo mais e mais em evidência. É que o magnetismo é uma força natural, e que, diante das forças da Natureza, o homem é um pigmeu semelhante a esses cãezinhos que ladram, inutilmente, contra o que os assusta. Há manifestações espíritas como a do sonambulismo; se elas não se produzem à luz do dia, publicamente, ninguém pode se opor a que tenham lugar na intimidade, uma vez que, cada família, pode achar um médium entre seus membros, desde a criança até o velho, como pode achar um sonâmbulo. Quem, pois, poderia impedir, a qualquer pessoa, de ser médium ou sonâmbula? Aqueles que combatem a coisa, sem dúvida, não refletiram nela. Ainda uma vez, quando uma força é da Natureza, pode-se detê-la um instante: aniquilá-la, jamais! Não se faz mais do que desviar-lhe o curso. Ora, a força que se revela no fenômeno das manifestações, qualquer que seja a sua causa, está na Natureza, como a do magnetismo; não será aniquilada, pois, como não se pode aniquilar a força elétrica. O que é preciso fazer, é observá-la, estudar-lhe todas as fases para, delas, deduzir as leis que a regem. Se for um erro, uma ilusão, o tempo lhe fará justiça; se for a verdade, a verdade é como o vapor: quanto mais se comprime, maior é a sua força de expansão”... (grifos meus).
Concordante com Allan Kardec também afirmo que tanto o Espiritismo como o Magnetismo são forças naturais e contra elas ou contra a união das duas só lutarão os insanos, os prepotentes ou os portadores de subalternos interesses. Eu, particularmente, e muitos dos que teem lido estes artigos e me escrito, somos seguidores dos três: Jesus, Kardec e o Espiritismo com o Magnetismo incluso, intrínseco, indissociável.
Até breve!
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