Palestra Pública
Apresentado por Ana Irene Chazan em 24/09/10 às 20h
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O que nos acontece hoje? Ouvimos dizer que estamos na era da Indústria do Conhecimento. Mas o que isso realmente significa?
Vejamos:
> Passamos pela Sociedade Agrícola, mais conhecida como a era do Feudalismo, onde foi precedido pelo nomadismo e sucedido pelo capitalismo em certas regiões da Europa. Os senhores feudais conseguiam as terras porque o rei lhes dava. Os camponeses cuidavam da agropecuária dos feudos e, em troca, recebiam o direito a uma gleba de terra para morar, além da proteção contra ataques bárbaros. Quando os servos iam para o manso senhorial, atravessando a ponte, tinham que pagar um pedágio, exceto quando para lá se dirigiam a fim de cuidar das terras do Senhor Feudal.
> Depois chegamos a era da indústria, mais conhecida como Revolução Industrial que consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX.
Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se registra até aos nossos dias), a era da agricultura foi superada, a máquina foi superando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações entre nações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos.
Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se registra até aos nossos dias), a era da agricultura foi superada, a máquina foi superando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações entre nações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos.
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Ok. Percebemos até agora que além das muitas mudanças em que passamos durante toda a história da humanidade, essas duas que citamos precederam a que nos encontramos atualmente, e que falaremos mais adiante.
Por enquanto, vamos refletir um pouco.
A mudança da era Feudal ou Agrícola para a era Industrial foi bastante brusca e marcou muito nossa história, tanto que mesmo que não tenhamos vivido nela, a temos como uma memória ancestral, um "inconsciente coletivo".
A transição em que passamos e sempre estamos a vivenciar, mesmo nas pequenas coisas no dia-a-dia, é muito bem explicada por Ricardo Guimarães (palestra sobre Consumo Consciente ou Predatório? no programa Café Filosófico, exibido em 05/09/10 pela TV Cultura):
"É uma fase em que as coisas não funcionam mais como antes, e ainda não funcionam como devem".
É interessante observar de como isso acontece, porque apesar da negação, nós somos conservadores, temos dificuldades para lidar com a mudança, qualquer que seja.
E a própria negação deste comportamento gera a crítica destrutiva, violência, exageros, histeria, dentre outras coisas absurdas, e que se pararmos para analisar não acreditamos que fomos capazes de cometê-las. Mas foi nossa escolha devido a perda de referenciais, estes que são a forma como conhecíamos as coisas ontem, que hoje são diferentes, mas ainda não são como serão amanhã.
Exaltamos o "modo antigo de fazer as coisas" "porque no meu tempo era melhor, sempre melhor", da mesma forma como a "grama do vizinho é sempre mais verde", e desta forma insistentemente erramos tentando fazer da mesma forma inúmeras vezes, mesmo recebendo resultados inferiores ao esperado, e acreditando que um dia ainda pode dar certo.
E isso permanecerá até que aceitemos a mudança de forma a construir meios diferentes e melhores de fazer as coisas sem o apego material e emocional. Daí poderemos ter uma visão mais ampla da vida, olhando todo o conjunto, compreendendo o organismo em que estamos inseridos e, assim enxergando, a parte individualizada.
Se estivermos ao pé de uma montanha não conseguimos ver o que está do outro lado, mas se chegarmos até o seu topo, poderemos enxergar toda a sua plenitude.
Observar as gerações passadas para compreender o presente e traçar um futuro melhor, aprendendo não somente com as nossas dificuldades, mas também com as dos outros.
Ricardo Guimarães fala também na palestra citada que "o amor ao próximo é a medida que temos do amor a nós mesmos". Ou seja, uma pessoa só pode amar alguém se ela ama a si própria, e esse amor próprio é a medida do limite em que conseguimos amar o outro. E será que nos amamos o suficiente? Será que queremos receber verdadeiramente a mesma violência, arrogância, intolerância, orgulho em que tratamos as pessoas e as situações que vivenciamos no cotidiano, no momento dessas transições em que passamos constantemente, mesmo querendo não enxergar?
Não somos apenas virtudes. Temos um passado de tendências. Por exemplo: olhamos nossa sociedade em forma de pirâmide:
Na infância somos dependentes fisicamente, emocionalmente e economicamente.
Na fase adulta somos independentes, ou ao menos na maioria dos casos, encontramos independência de tudo o que dependíamos na Infância.
Na velhice voltamos a ser dependentes de todas aquelas coisas.
Esperem! Isso ainda funciona?
Acreditamos que não, e ainda não funciona como deveria. Por quê? Afinal, há 90 anos atrás nossa expectativa de vida era só até os 42 anos, em 2003 subiu para 69 anos, segundo dados do IBGE. E provavelmente em 2010 essa informação já deve ter aumentado.
E como eram a vidas dos vovôs e das vovós de 42 anos em meados de 1920? Fazendo tricô, cuidando da casa e mimando os netinhos... E hoje? As vovós se tornam avós por meados do 35 a 40 anos de idade, trabalham formalmente até 60 anos, e ainda continuam a trabalhar e participar da vida social ativamente.
O que aconteceu conosco? Conquistamos um nível maior de maturidade. Este nível vem por meio da expansão da consciência. E esta é propiciada através do conhecimento. Quanto mais e melhor estudamos, mais conquistamos o patamar da consciência humana e espiritual.
Já diziam os Espíritos no meio do século XIX que a evolução é inexorável. É um fato que não podemos remar contra, mas temos a escolha de acompanhar nossa individualidade em conjunto com o coletivo, ou não.
Por que encontramos pessoas que há 40 anos estavam inseridas no mercado de trabalho e eram muito bem valorizadas, mas hoje se encontram estagnadas ou até mesmo fora do meio social? Por que enquanto alguns cargos profissionais são extintos em virtude da tecnologia, outros são criados para acompanhar, desenvolver e aprimorar essa nova tecnologia.
Deixamos de ser Auxiliares para sermos Analistas. Deixamos de operar máquinas têxteis para monitorar sistemas automatizados, no entanto, que dependem de um ser mais capaz, inteligente e multifuncional como é o ser humano. Pois as máquinas ainda não tem a inteligência humana, e talvez nem cheguem lá a se comparar com a nossa natureza orgânica e espiritual.
Esta é a nova era em que estamos em transição para alcançar: a Sociedade da Informação.
Este é o processo autotransformador de que estamos falando.
Pense nisso! Mas pense agora!
Eder Fávaro
Para assistir a palestra de Ricardo Guimarães clique no tema Consumo Consciente ou Predatório? no programa Café Filosófico, exibido em 05/09/10 pela TV Cultura.
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Beijos e abraços.
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