Remontando aos primeiros tempos relatados na bíblia, existia o extermínio de animais na forma de sacrifícios em homenagem a Deus. Não há definitivamente como mascarar a situação, trata-se de assassinato. E, segundo as escrituras sagradas, é a preferência pessoal de Deus: Abel, filho mais novo de Adão e Eva, era pastor e sempre sacrificava um animal, usualmente um cordeiro, cabrito, bezerro ou novilho qualquer, em glorificação a Deus. Este, por sua vez, sempre preferia a oferenda de Abel a de Caim, seu irmão, que era agricultor e lhe honrava com os melhores vegetais, grãos e ervas. Ou seja, Deus, no antigo testamento, exigia VIDAS.
Outras religiões e rituais tidos como pagãos na antiguidade se faziam valer do sacrifício de vidas. Uma vida, seja de qual espécie for, é de valor inestimável, pois não há como ser reposta ou substituída. É a definitiva “moeda espiritual”. Hoje em dia, nas leis de uma sociedade civilizada, é proibido e altamente ilegal a prática de tais rituais envolvendo o assassinato de animais de qualquer espécie. É isso mesmo, qualquer sociedade, império constituído, lugarejo ou mesmo agrupamento de pessoas que se diz civilizado abomina e repudia tal ato de vilania. Sacrifício de vidas é considerado uma ação bárbara, desprezível e vulgar não importa para qual deus seja destinada a oferenda.
Mas e a citação do Cordeiro de Deus, por assim dizer, um “apelido carinhoso” em homenagem a Jesus de Nazaré?
Esse título se faz valer da seguinte ideia: Assim como animais eram assassinados na antiguidade para agradar e apaziguar a Deus, Jesus foi morto para lavar e purificar a humanidade de seus pecados, livrando-os de qualquer culpa desde antes de nascerem! A parte mais estranha é, sem dúvida, que essa crença se fundou em uma seita que simultaneamente promove a condenação do assassinato, o amor ao próximo e a iluminação da alma através de ações individuais de desapego, benevolência, caridade e abnegação.
Se o sacrifício de animais é abominável, o de seres humanos entra em uma nova categoria, a das ofensas mais graves. O crime que é mais claramente proibido na mente de qualquer pessoa em qualquer lugar e em qualquer tempo. Mas principalmente nos dias de hoje, à luz da civilização e do conhecimento.
Então porque continuar acreditando na validade de um suposto sacrifício humano como forma de nos “livrarmos” mesquinhamente do erro e do equívoco? Não seria preferível manter em memória a presença de Jesus vivo e não morto? O que ele nos ensinou com sua morte? Talvez algo como: “Pessoas de bem que se levantam contra a tirania são abatidas tal qual um inseto inconveniente na sala de jantar. Fiquem na sua e vivam felizes.” O que ele nos ensinou em vida? Aí sim, temos MUITA coisa: Toda a base de uma filosofia de vida; a ideia de imortalidade da alma; de que Deus é nosso pai e não só nos ama, como é amor por si só; ensina a estender nosso amor não somente a nós mesmos, mas ao próximo também, respeitando a tudo, promovendo a caridade e todos os fundamentos morais de uma verdadeira pessoa de bem.
Na era da informação, vemos uma desinformação persistente, a de que ao menos um assassinato na história do mundo foi lícito. Se pudéssemos, poderíamos perguntar à Maria, mãe de Jesus, se o assassinato de seu filho foi lícito. Perguntaríamos aos seus melhores amigos, os conhecidos apóstolos. Pergunte a si mesmo se um assassinato pode ser mesmo justificado. Se a resposta ainda for “sim”, então eu temo que não tenhamos saído verdadeiramente daquela época bárbara e pagã dos primeiros tempos do mundo.
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Beijos e Abraços.
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